No limite da (in)definição: os animes no Rorschach de adolescentes 

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Julho 16, 2024
No limite da (in)definição: os animes no Rorschach de adolescentes 

Ana Silva
Sabrina Gomes
Isabel Duarte

Vivemos momentos difíceis no mundo, o que é hoje, amanhã já não é, ou pode ser diferente, gerando (in)definição, confusão, em todos nós, mas em particular nos adolescentes, que vivem a um ritmo alucinante, procurando a satisfação e a gratificação imediata, tentando a todo o custo minimizar o impacto da frustração.

Muitos dos adolescentes que nos chegam à consulta apresentam fobias sociais, tem poucos amigos, não partilham dos interesses mais comuns e tem um fascínio por temáticas peculiares como o obscuro e a morte. A cultura japonesa chega-nos através dos mangas, que são um lugar onde é possível aos adolescentes explorar os limites do desconhecido.

O Rorschach é o lugar de expressão de tensões e de conflitos. Neste estudo propomo-nos pensar sobre os Rorschach de dois adolescentes: Kira (13 anos) e Yuri (14 anos), que procuram um sentido para a sua (in)definição. Ambos tem em comum uma problemática identitária, gostam de ler mangas e os animes são um lugar externo que nos permite pensar nas suas transformações internas.

O presente estudo permitiu-nos operacionalizar um conjunto de elementos preditivos no Rorschach que se encontram relacionados com: (1) a existência de uma dificuldade em lidar com o novo e o desconhecido, num aprisionamento a uma lógica de grande passividade; (2) a acentuada utilização de mecanismos projetivos, como forma de lidar com a (in)diferenciação do Eu na relação com o(s) Outro(s).

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