(A)normalidade: uma recusa em crescer ou uma incapacidade de Ser?

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Julho 7, 2024
(A)normalidade: uma recusa em crescer ou uma incapacidade de Ser?

Ana Silva
Sabrina Gomes
Isabel Duarte

Neste estudo as autoras propõem-se pensar sobre dois protocolos de Rorschach: Peter e Wendy, ambos com 5 anos e 6 meses de idade. Peter vem à consulta com suspeitas de uma irrequietude motora, mas para espanto dos pais consegue estar sentado durante todo o tempo da consulta, mostrando que a sua inquietação externa esconde uma angústia interna de cariz depressivo, fazendo com que se agite para não pensar e sentir. Wendy vem à consulta acompanhada pela sua mãe na sequência do divórcio dos seus pais, apresentando uma grande dificuldade de separação individuação e de autonomização, com comportamentos bizarros e que destoam e contrastam com a sua doçura.

A avaliação psicológica é um espaço de conhecimento do Outro, no qual o Rorschach utilizado como uma metodologia de acesso ao individual do funcionamento psíquico desempenhou um papel fundamental para a melhor compreensão das características emocioanais de cada uma das crianças. A sua leitura através de um método compreensivo de acesso ao mundo interno do sujeito permitiu-nos aceder ao que designamos por uma “Terra do Nunca”, um lugar no qual podem emergir as nova(s) (a)normalidades, onde a universalidade do inconsciente pode ser partilhada, traduzindo uma recusa em crescer, num aprisionamento na fantasia, uma proteção face à dureza da realidade.

A utilização do Rorschach permitiu a elaboração de um plano terapêutico mais ajustado às necessidades de cada uma das crianças, ao mesmo tempo que possibilitou um avanço no desenvolvimento psíquico e uma adequada implementação de boas práticas ao nível da prevenção da saúde mental.

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